- História
HISTÓRIA
NOSSA SENHORA DE FÁTIMA teve origem na cidade de Fátima, uma cidade de Portugal onde três meninos, Lucia de Jesus Santos, com 10 anos e seus primos Francisco Martos de 9 anos e Jacinta Martos de 7 anos, tiveram a visão de Nossa Senhora.
Aconteceu no ano de 1917. Sete aparições de Nossa Senhora aos três meninos, sempre no dia 13 de cada mês. A primeira foi no dia 13 de maio. Lucia via e conversava com Nossa Senhora de Fátima. Francisco só via e não ouvia os diálogos. Jacinta via e ouvia, mas não falou com Nossa Senhora de Fátima.
Quando Nossa Senhora de Fátima apareceu aos três, eles descreveram assim a visão: Parecia ter uns 18 anos a Senhora, rodeada de claridade fulgurante, seu vestido era de uma alvura puríssima, assim como o manto ornado de ouro, que lhe cobria a cabeça e grande parte do corpo. O rosto sobrenatural e divino, estava sereno e grave, com uma sombra de tristeza. Em suas mãos um cruz de outro com um terço em contas que pareciam pérolas, e de seu corpo, especialmente do rosto irradiavam feixes de luz, incomparavelmente superior a qualquer beleza humana.
No começo as crianças se assustaram, mas Nossa Senhora de Fátima as tranquilizaram, dizendo para não terem medo, e que ela era do Céu. Nossa Senhora disse para rezarem o terço todos os dias, para alcançarem a paz e o fim da guerra. A mensagem de Fátima é uma mensagem de conversão e arrependimento.
Nossa Senhora de Fátima insiste na oração do terço, Ela disse que o comunismo só cairia depois de muita oração. E assim aconteceu. A oração e a Igreja, através do Papa João Paulo II tiveram papel decisivo na queda do muro de Berlin e, por conseguinte, do comunismo.
Ninguém acreditava nas crianças. Na segunda aparição, somente 50 pessoas estavam presentes para tentar ver alguma coisa. Depois, as crianças sofreram grandes perseguições por parte dos poderes públicos, Chegaram a ser até presas na delegacia de Fátima, mas nunca negaram as aparições.
Em uma das aparições, Nossa Senhora ensinou esta oração aos meninos. Ela foi acrescentada na reza do Rosário: Quando rezarem o terço, digam após cada mistério; ó meu Jesus, perdoai-nos, do fogo do inferno, levais as almas todas para o Céu, principalmente aquelas que mais precisarem.
Após a terceira aparição o povo começou a acreditar, e cada vez mais se aglomeravam mais pessoas, chegando a mais de trinta mil na última aparição.
Na sexta aparição, Maria Santíssima disse a Lucia que naquele local, com o dinheiro das doações, deveria ser construída uma capela com o nome de Nossa Senhora do Rosário. E quando ela se levantava suavemente para ir embora, o sol apareceu entre as nuvens como um grande disco prateado, brilhando muito, mas sem cegar as pessoas. Começou a girar vertiginosamente e suas bordas se tornaram avermelhadas espalhando raios de fogo, de modo que sua luz refletia nas pessoas nas árvores, e foi vista até quarenta quilômetros de distância do local das aparições.
Por três vezes o sol girou e se precipitou sobre a terra, e todos com medo pediam perdão para Deus. O milagre durou cerca de dez minutos. A partir desses conhecimentos, a devoção a Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora do Rosário, aumentou, se difundiu para o mundo todo, e hoje, em seu enorme santuário, todos os peregrinos vão fazer seus pedidos, agradecimentos e orações.
SIGNIFICADO E SIMBOLISMO DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA
Nossa Senhora apareceu no lugarejo de Fátima, em Portugal, como Nossa Senhora do Rosário. Tanto que ela também é conhecida como Nossa Senhora do Rosário de Fátima.
Vamos compreender sua imagem:
Túnica branca: representa sua pureza e a santidade. Segundo as palavras do Anjo Gabriel, Maria é "Cheia de Graça" (Lucas 1,28). Cheia de graça de Deus, cheia de Deus". Tanto que, logo em seguida à saudação, o Anjo Gabriel diz: "O Senhor está contigo" (Lc 1,28). Assim, a túnica branca tem todo esse significado de pureza e santidade.
Manto branco com bordados amarelos: O manto que a Virgem Maria veste sobre a cabeça, a túnica e todo o corpo, além de pureza e santidade, representa a Igreja. Branco e amarelo são as cores da bandeira da Igreja Católica. Com isso, compreendemos que Nossa Senhora é Mãe da Igreja. Esse aliás, é um dos títulos da Virgem Maria.
Doze estrelas amarelas em volta de sua cabeça: representam a Doutrina dos Apóstolos de Cristo, que foram doze. As doze estrelas amarelas representam também a totalidade da Igreja, toda a Igreja, que está na mente (em volta da cabeça) e no coração da Mãe de Deus e dos homens.
Os raios que saem das estrelas: representam as graças que podem ser alcançada através da participação assídua na Igreja e da intercessão de Nossa Senhora. São graças infinitas que estão à disposição de todos aqueles que as procuram com sinceridade.
O terço nas mãos de Maria: representa a oração de Nossa Senhora pediu com tanta insistência nas aparições de Fátima. Cada Ave-Maria é uma rosa que oferecemos a ela. Daí o nome de "Rosário" dado aos quatro terços que compõem esta maravilhosa oração. O terço é uma oração simples e acessível a todos. E, ao contrário do que se imagina quando não se conhece, o terço é uma oração "Cristocêntrica", isto é, o foco da oração está em Jesus Cristo.
Os três pastorzinhos: Em Fátima, Nossa Senhora apareceu a três crianças: Lucia 10 anos, Francisco 9 anos, e Jacinta 7 anos. Os três eram analfabetos e oriundos de famílias pobres. Mas, através deles, Nossa Senhora abalou o mundo.
A nuvem: representa o céu. Nossa Senhora veio à terra, mas não saiu do céu. Significa que as visões que os pequeninos de Fátima tiveram foram visões celestiais. A nuvem aos pés de Nossa Senhora nos lembra que nosso destino é o céu e que este mundo é passageiro.
A azinheira: A azinheira é a árvore sobre a qual a nuvem e nossa Senhora apareceram. Trata-se de uma árvore da família dos carvalhos, que é muito comum na região de Fátima, em Portugal. A aparição sobre a azinheira nos lembra que a aparição celeste aconteceu sobre um ser vivo, uma árvore. Os enfeites de flores e vegetais sobre os altares dever ser sempre feitos com plantas vivas, pois elas nos lembram a vida que vem do Criador.
Os cordeiros: Os cordeiros representam o trabalho dos pastorzinhos, mas representa, também Jesus Cristo, O "Cordeiro de Deus" que tira o pecado do mundo (Jo 1,29). Oração a Nossa Senhora de Fátima "Santíssima Virgem, que nos montes de Fátima vos dignastes revelar a três humildes pastorinhos os tesouros de graça contidos na prática de fosso Rosário, incuti profundamente em nossa alma e apreço em que devemos ter com essa devoção, para Vós tão querida, a fim de que, meditando os mistérios da Vossa Redenção que nela se comemora, nos aproveitamos de vossos preciosos frutos e alcancemos a graça, que vos pedimos nesta oração, se for para maior glória de Deus, honra vossa e proveito de nossas almas. Amém. Rainha do Santíssimo Rosário, rogai por nós".
ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DE FÁTIMA
Mãe Santíssima, Nossa Senhora de Fátima, venho a ti com um coração cheio de esperança e humildade, buscando tua intercessão e proteção. Tu que apareceste aos três pastorinhos em Fátima, trazendo uma mensagem de paz, conversão e arrependimento, guia-me no caminho da fé e da santidade.
Rogo-te, Nossa Senhora de Fátima, que interceda junto ao teu Filho, Jesus Cristo, para que eu possa ser fortalecido na minha jornada espiritual. Que eu tenha a coragem de me arrepender de meus pecados e a determinação de viver conforme os ensinamentos do Evangelho.
Peço-te, Mãe querida, que me ajudes a rezar com fervor e devoção, especialmente o Santo Rosário, como pediste em Fátima. Que minhas orações sejam sinceras e cheias de amor, trazendo-me mais perto do coração de teu Filho.
Nossa Senhora de Fátima, abençoa minha família e meus amigos, concedendo-nos a paz e a graça que tanto necessitamos. Que tua mensagem de Fátima inspire nossos corações a buscar a conversão e a viver em harmonia com os mandamentos de Deus.
Ajuda-nos a espalhar a mensagem de paz e amor que trouxeste ao mundo, sendo instrumentos de Deus na construção de um munto mais justo e fraterno. Que tua luz brilhe em nossas vidas, iluminando nosso caminho e nos guiando sempre para a verdade e a vida em Cristo.
Intercede por todos os que sofrem, pelos que estão afastados de Deus e por aqueles que necessitam de tua proteção maternal. Que teu Imaculado Coração triunfe em nossas vidas, trazendo-nos a esperança e a salvação eterna.
Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós.
APARIÇÕES DE FÁTIMA
Assim como nascimento de Jesus foi anunciado pelo Arcanjo São Gabriel, também as aparições de Nossa Senhora as pastorinhos foram preparadas por meio de três aparições do Anjo de Portugal, depois das quais passaram a ter uma vida de oração e sacrifício muito mais intensa, tudo oferecido em reparação pelos pecados cometidos contra Deus e pela conversão dos pecadores.
APARIÇÕES DO ANJO
Primeira aparição - 19 de março de 1916:
O relato da mais velha dos videntes, Lúcia, descreve assim os acontecimentos:
"Andava eu com os meus primos Francisco e Jacinta a cuidar do rebanho e subimos a encosta em procura dum abrigo a que chamávamos a "Loca do Cabeço". Depois de aí merendar e rezar, alguns momentos havia que brincávamos e eis que um vento sacode as árvores e faz-nos levantar a vista para ver o que se passava, pois a dia estava sereno. Então começamos a ver, a alguma distância, sobre as árvores que se estendiam em direção ao nascente, uma luz mais branca que a neve, com a forma dum jovem, transparente, mais brilhante que um cristal atravessado pelos raios do Sol. Á medida que se aproximava, íamos lhe distinguindo as afeições. Estávamos surpreendido e meios absortos. Não dizíamos palavra. Ao chegar junto de nós, disse:
- Não temais. Sou o Anjo da Paz. Orai comigo.
E ajoelhando em terra, curvou a fronte até ao chão. Levados por um movimento sobrenatural, imitámo-lo e repetimos as palavras que lhe ouvimos pronunciar:
- Meu Deus, eu crio adora, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para que não crêem, não adoram não esperam e não Vos Amam.
Depois de repetir isto três vezes, ergueu-se e disse:
- Ora assim. Os corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas. E desapareceu. A atmosfera do sobrenatural que no envolveu era tão intensa, que quase não nos dávamos conta da própria existência, por um grande espaço de tempo, permanecendo na posição em que nos tinha deixado, repetindo sempre a mesma oração. A presença de Deus sentia-se tão intensa e íntima que nem mesmo entre nós nos atrevíamos a falar.
No dia seguinte, sentíamos o espírito ainda envolvido por essa atmosfera que só muito lentamente foi desaparecendo.
Segunda aparição - 13 de junho de 1916:
A segunda aparição deu-se no Verão de 1916, sobre o poço da casa dos pais de Lúcia, junto ao qual as crianças costumavam brincar. Assim narra lúcia:
"Fomos, pois passar as horas da sesta à sombra das árvores que cercavam o poço já várias vezes mencionado. De repente, vimos o mesmo anjo junto de nós.
- Que fazeis? Orai! Orai muito! Os corações de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios.
- Como nos havemos de sacrificar? (perguntei).
- De tudo que puderdes, ofereceu um sacrifício em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores, Atraí assim, sobre a vossa Pátria, a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda. o Anho de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar.
E desapareceu. Estas palavras do Anjo gravaram-se em nosso espírito, como uma luz que nos fazia compreender quem era Deus, como nos amava e queria ser amado, o valor do sacrifício e como Ele lhe era agradável, como, por atenção a Ele, convertia os pecadores. Por isso, desde esse momento, começamos a oferecer ao Senhor tudo que nos mortificava, mas se discorrermos a procurar outras mortificações ou penitências, exceto a de passarmos horas seguidas prostrados por terra, repetindo a oração que o Anjo nos tinha ensinado."
Terceira aparição - 13 de julho de 1916: A terceira aparição ocorreu no fim do Verão ou princípio de Outono de 1916, novamente na "Loca do Cabeço", como descreve Lúcia:
"Rezamos ai o terço e a oração que na primeira aparição nos tinha ensinado. Estando pois, aí, apareceu-nos pela terceira vez, trazendo na mão um cálice e sobre ele uma Hóstia, da qual caíam, dentro do cálice algumas gotas de sangue. Deixando o cálice e a Hóstia suspensos no ar, prostrou-se em terra e repetiu três vezes a oração.
- Santíssima trindade, Pai, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores.
Depois, levantando-se, tomou de novo na mão o cálice e a Hóstia a mim e o que continha o cálice deu-o a beber à Jacinta e ao Francisco, dizendo, ao mesmo tempo:
- Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus. De novo se prostrou em terra e repetiu conosco mais três vezes a mesma oração.
- Santíssima trindade...
Depois da oração despareceu.
Levados pela força do sobrenatural que nos envolvia, imitávamos o Anjo em tudo, isto é, prostrando-nos como Ele e repetindo as orações que Ele dizia. A força da presença de Deus era tão intensa que nos absorvia e aniquilava quase por completo. Parecia privar-nos até do uso dos sentidos corporais por um grande espaço de tempo. Nesses dias, fazíamos as ações materiais como que levados por esse mesmo ser sobrenatural que a isso nos impelia. A paz e felicidade que sentíamos era grande, mas só íntima, completamente concentrada a alma em Deus. O abatimento físico, que nos prostrava, também era grande.
APARIÇÕES DE NOSSA SENHORA.
Um dos mais marcantes fatos de nossos tempos deu-se no começo do século XX, no dia 13 de maio de 1917, quando Nossa Senhora se manifestou aos três pastorinhos, pedindo orações e sacrifícios em reparação pelo pecados cometidos contra Deus e pela conversão dos pecadores. Recomendou também que rezassem o Terço todos os dias.
Primeira Aparição - 13 de maio de 1917
Naquela manhã de domingo, 13 de maio, depois de assistirem à Missa na igreja de Aljustrel, onde moravam, saíram em direção à serra com seu pequeno rebanho de ovelhas. Lúcia disse em tom categórico:
- Vamos para as terras de meu pai, na Cova da Iria.
Obedecendo, os outros tocaram as ovelhas, e lá se foram pela Serra de Aire.
Por volta do meio-dia, após terem tomado seu lanche e rezado o Terço, conforme o pedido que o Anjo lhes havia feito, de súbito, as três crianças viram como que um clarão de relâmpago, que as surpreendeu. Olharam para o céu e, depois, umas para as outras: ficaram mudas e pasmas, pois o horizonte estava limpo e sereno. Que seria?
Lúcia, então ordenou:
- Vamos embora, que pode vir trovoada.
- Pois vamos - disse Jacinta.
A meio caminho, viram um segundo relâmpago. Com redobrado susto apertaram o passo, continuando a descer, Porém, mal haviam chegado ao fundo da Cova da Iria pararam, confusos e maravilhados: ali, a curta distância, sobre um carrasqueira de pouco mais de um metro, apareci-lhes a Mãe de Deus.
Segundo as descrições da Irmã Lúcia, era "uma Senhora, vestida toda de branco, mais brilhante que o sol, espargindo luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente". Seu semblante era de inenarrável beleza, nem triste, nem alegre, mas sério, talvez com uma suave expressão de ligeira censura. O vestido, mais alvo que a própria neve, parecia tecido de luz. Tinha as mangas relativamente estreitas e era fechado ao pescoço, descendo até os pés, os quais, envolvidos por uma tênue nuvem, mal eram vistos roçando as folhas da azinheira. Um manto lhe cobria a cabeça, também branco com bordas de ouro do mesmo comprimento que o vestido, envolvendo-lhe quase todo o corpo. As mãos, as trazia juntas a rezar, apoiadas no peito; da direita pendia um lindo rosário de contas como pérolas brilhantes, do qual pendia uma Cruz de intensa luz prateada. Seu único adorno era um delicado colar de ouro, de pura luz, que Lhe caía sobre o peito, do qual pendia uma pequena esfera do mesmo metal, quase à altura da cintura".
Diante da admiração respeitosa dos pastorinhos, a Santíssima Virgem lhes disse com suave bondade, segundo o relato da Irmã Lúcia.
- Não tenhas medo. Eu não faço mal.
- De onde é Vossemecê? - Lhe perguntei.
- Sou do céu.
- E que é que Vossemecê me quer?
- Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13 a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Depois voltarei ainda aqui uma sétima vez.
- E eu também vou para o Céu?
- Sim, vais.
- E a Jacinta?
- Também!
- E o Francisco?
- Também, mas tem que rezar muitos Terços.
"Lembrei então de perguntar por duas moças que tinham morrido há pouco. Eram minhas amigas e estavam em minha casa a aprender a tecedeiras com minha irmã mais velha.
- A Maria das Neves já está no Céu?
- Sim, está!
"Maria das Neves parece que devia ter uns dezesseis anos.
- E a Amélia?
- Estará no Purgatório até o fim do mundo.
"A Amélia devia ter de dezoito a vinte anos.
- Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?
- Sim, queremos!
- Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto.
"Foi ao pronunciar estas últimas palavras (a graça de Deus, etc.) que abriu pela primeira vez as mãos, comunicando-nos uma luz tão intensa, como que reflexo que delas expedia, que penetrando-nos no peito e no mais íntimo da alma, fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus, que era essa luz, mais claramente que nos vemos no melhor dos espelhos. Então, por um impulso íntimo também comunicado, caímos de joelhos e repetíamos intimamente:
- Ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro. Meu Deus, meu Deus, e Vos amo no Santíssimo Sacramento.
"Passados os primeiros momentos, Nossa Senhora acrescentou:
- Rezem o Terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra.
"Em seguida, começou-se a elevar serenamente, subindo em direção ao nascente, até desaparecer na imensidade da distância".
A celeste Mensageira havia produzido nas crianças uma deliciosa impressão de paz e alegria radiante. De tempos em tempos, o silêncio em que tinham caído era cortado por esta jubilosa exclamação de Jacinta:
- Ai! Que Senhora tão bonita! Ai! Que Senhora tão bonita!
Nesta, como nas outras aparições, a Virgem Santíssima falou apenas com Lúcia, sendo que Jacinta só via e ouvia o que Ela dizia. Francisco, entretanto, não A ouvia, mas somente A via.
Quando as duas meninas lhe relataram o que Nossa Senhora disse a respeito dele, ficou muito contente e, cruzando as mãos acima de sua cabeça, exclamou em alta voz:
- Ó minha Nossa Senhora! Terços digo eu quantos Vós quiserdes!
Aquela Senhora tão bonita, como dizia Jacinta, não deu nenhuma ordem para as crianças manterem sigilo sobre a aparição. Mesmo assim, fizeram um "pacto infantil" de segredo, resolvendo não contar nada a ninguém, tal como haviam feito quando o Anjo lhes aparecera.
Como sabemos, crianças não são boas para guardar segredo... e Jacinta tão logo se encontrou com a mãe, correu para contar-lhe o que tinha ocorrido na Cova da Iria. Mas esta não lhe deu nenhum crédito e jugou tratar-se de imaginação infantil.
Mais tarde, durante o jatar com toda a família reunida, jacinta tornou a contar sua história, deixando seu irmão Francisco numa situação bem difícil. Por um lado, não queria mentir e, por outro, não queria quebrar a promessa feita à prima Lúcia. Optou por ficar em silêncio. Porém, ao ser interrogado pelo pai, o qual sabia ser o filho incapaz de mentir, não restou outra saída senão confirmar o que Jacinta acabava de contar.
Foi impossível evitar que a notícia corresse por toda a parte.
Segunda Aparição - 13 de junho de 1917
Por ocasião da segunda aparição, Nossa Senhora revela que levaria em breve Jacinta e Francisco, mas Lúcia ficaria por mais algum tempo, sendo instrumento para tornar Nossa Senhora mais conhecida e amada. Revelou também o desejo de seu Divino Filho de se estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração d'Dela.
No dia 13 de julho, muitos devotos e curiosos compareceram ao local da aparição.
Era por volta de cinquenta o número de pessoas. Depois de rezarem o Terço, uma moça pediu que se recitassem também a Ladainha da Santíssima Virgem. Lúcia, entretanto, disse que não daria mais tempo. A luz, que elas chamavam de relâmpago, começava a aparecer.
As crianças se ajoelharam perto da azinheira e ali pousou Nossa Senhora, como no mês anterior.
Irmã Lúcia assim transcreve o diálogo:
- Vossemecê que me quer? - perguntei.
- Quero que venhais aqui no dia 13 do mês que vem, que rezei o Terço todos os dias e que aprendais a ler. Depois direi o que quero.
"Pedi a cura dum doente".
- Se se converte, curar-se-á durante o ano.
- Queria pedir-Lhe para nos levar para o Céu.
- Sim; a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-Se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. A quem a aceitar, prometer-lhe-ei a salvação e estas almas serão amadas de Deus, como flores colocadas por Mim para enfeitar o seu trono.
- Fico cá sozinha? - perguntei, com pena.
- Não, filha. E tu sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus.
"Foi no momento em que disse estas últimas palavras, que abriu as mãos e nos comunicou, pela segunda vez, o reflexo dessa luz imensa. Nela nos víamos como que submergidos em Deus. A Jacinta e o Francisco pareciam estar na parte dessa luz que se elevava para o Céu e eu na que se espargia sobre a terra. À frente da palma da mão direita de Nossa Senhora, estava um Coração cercado de espinhos que pareciam estar nele cravados. Compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que queria reparação".
A Senhora, então, começou a Se elevar acima do arbusto e, subindo suavemente pela luminosa estrada que seu incomparável brilho parecia abrir no firmamento, até desaparecer.
Lúcia gritou aos circunstantes:
- Se A querem ver, olhem... vai além...
Desaparecida com completo a visão, Lúcia exclamou:
- Pronto! Agora não se vê mais, já entrou no Céu e se fecharam as portas.
O público ali presente, embora não tivesse visto Nossa Senhora, compreendeu que acabava de se passar algo de extraordinário e sobrenatural. Várias pessoas começaram a tirar raminhos e folhinhas da copa da azinheira, mas logo foram advertidos por Lúcia que colhessem apenas os de baixo.
No caminho de volta para casa, todos iam rezando o Terço em louvo à augusta Senhora que Se dignara descer do Céu até aquele perdido recanto de Portugal.
Terceira Aparição - 13 de julho de 1917
"Isto não o digais a ninguém"
No dia anterior (12/7) em que se daria a terceira aparição de Nossa Senhora de Fátima, Lúcia estava resolvida a não comparecer à Cova da Iria, por estar passando por uma dura prova. A mãe lhe dava crédito e a acusava de mentirosa. Ademais, o pároco do local, depois de a ter interrogado meticulosamente, pronunciou-se da seguinte forma:
"Não me parece uma revelação do Céu. Quando se dão estas coisas, por ordinário, Nosso Senhor manda essas almas, a quem se comunica, dar conta do que se passa a seus confessores ou párocos, e esta, ao contrário, retrai-se quando pode. Isto também pode ser um engano do demônio. Vamos ver. O futuro nos dirá o que havemos de pensar".
A tal ponto esta dúvida foi tomando o seu subconsciente que, certa noite, acordou gritando. Depois, contou o que havia sonhado:
"Vi o demônio que, rindo-se de me ter enganado, fazia esforços por me arrastar para o inferno. Ao ver-me nas suas garras, comecei a gritar de fal forma, chamando Nossa Senhora, que acordeu minha mãe, a qual me chamou, aflita, perguntando-me o que eu tinha".
Pela tarde, Jacinta e Francisco, tentaram convencer Lúcia a todos os modos, mostrando-lhe ser impossível que a Senhora tivesse qualquer relação com o inferno, muito pelo contrário! Lúcia, todavia, permanecia firme em sua resolução. A Jacinta, que lhe insistia com lágrimas nos olhos para acompanhá-los até a Cova da Iria, Lucia disse: "Olha: se a Senhora ter perguntar por mim, diz-lhe que não vou porque tenho medo que seja o demônio".
No dia seguinte, ao aproximar-se a hora em que deviam partir, Lucia sentiu-se impulsionada por uma estranha força, que não era fácil resistir. Foi se encontrar com os primos e os encontrou no quarto, de joelhos, chorando e rezando, como ela mesma conta:
- Então vocês não vão? - lhes perguntei.
- Sem ti não nos atrevemos a ir. Anda, vem.
- Já cá vou - lhe respondi.
"Então, com um semblante já alegre, partiram comigo".
E as três crianças se puseram a caminho. Ao chegarem no local das aparições, surpreenderam-se com a multidão que ali se encontrava: eram entre duas ou três mil pessoas.
A irmã Lúcia narra o que sucedeu:
"Vimos o reflexo da costumada luz e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira.
- Vossemecê que me quer? - perguntei
- Quero que venham aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o Terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Els lhe poderá valer.
- Queria pedir-lhe para nos dizer quem é, para fazer um milagre com que todos acreditem que Vossemecê nos aparece.
- Continuem a vir aqui todos os meses. Em outubro direi quem sou, o que quero e farei um milagre que todos hão de ver, para acreditar".
E foi então que Nossa Senhora lhe revelou o Segredo, o coração da Mensagem de Fátima, ordenando-lhes ao final:
"Isto não o digais a ninguém"...
Quarta Aparição - 18 de agosto de 1917
A quarta aparição foi assinalada por inúmeros acontecimentos que marcaram profundamente a vida das crianças: Seus pais foram intimados pelas autoridades locais, o padre local não lhes dava crédito, foram elas submetidas e exaustivas interrogatórios, sequestradas, ameaçadas de morte e até mesmo ficarem presas em uma cadeia pública junto com outros detentos!
No dia marcada para a aparição (13/8) não puderam comparecer, mas nem por isso Nossa Senhora de Fátima deixou de visitá-los depois em outro local, onde pede novamente que rezem muito pelos pecadores, porque "vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peças por elas."
Aproximava-se o dia 13 de agosto, data prevista para a quarta aparição da Mensageira Celestial. A situação das crianças, porém, não era nada fácil. Elas estavam no meio de um fogo cruzado, pois, de um lado, havia autoridades civis e políticas abertamente contrárias à Religião e, de outro, a prudência da Igreja que não se pronunciava favoravelmente com relação às aparições.
Eram os anos posteriores à queda do regime monárquico em Portugal, fato ocorrido em 1910, e a Igreja Católica vivia dias difíceis. O administrador do concelho de Vila Nova de Ourém, Artur de Oliveira Santos, era anticatólico. Como Fátima pertencia justo ao concelho de Vila Nova de Ourém, o administrador mandou intimar os pais dos pastorinhos, com seus filho, para o sábado, dia 11 de agosto, ao meio-dia.
Na realidade, os pais de Lúcia não acreditavam nas aparições e esperavam que o medo vencesse a filha, para que pudessem volta à tranquilidade de seus afazeres.
Lúcia e o pai foram inquiridos a respeito do Segredo e ela resistiu, mesmo tendo sido ameaçada de morte. O Senhor Marto foi sozinho e não levou Jacinta nem Francisco, pois ele e Dona Olímpia, sua esposa, pensavam diferente dos pais de Lúcia. O administrador fui duro com o Senhor Marto, porque ele não levou os filhos, e resolveu it até sua casa, desta vez acompanhado de um sacerdote.
Estando o administrador em casa dos pastorinhos, acompanhado do pároco local, quis interrogar Francisco e Jacinta. Como não conseguiu nenhum resultado, resolveu se utilizar de uma artimanha, levando os videntes até a casa do pároco, para serem novamente examinados por ele e pelo próprio sacerdote.
O pároco, querendo "lavar as mãos" e ficar bem com a autoridade civil, interrogou Lúcia primeiro, dizendo-lhe que estavam mentindo, enganando muita gente com a história das aparições, concluindo que todo aquele que diz mentiras vai para o inferno... A menina, inspirada pelo Espírito Santo, respondeu com firmeza: "Se quem mente vai para o inferno, eu não vou para o inferno. Porque que não minto e digo somente o que vi e o que a Senhora me disse. Quanto ao povo que vai lá, vai porque quer. Nós não chamamos ninguém".
Tendo sido frustrada a tentativa, o administrador resolveu usar de outra tática. Enganou os pastorinhos, os convidando a irem em seu carro até o local das aparições, mas na verdade os sequestrou, indo para Ourém a toda a velocidade. Lá, os deixou em casa com sua esposa. Cumulou os pequenos de saborosas comidas, fazendo-os brincar com os próprios filhos. Esperava, com isso, amolecer as crianças com todas aquelas manifestações de falsa amabilidade.
Deste modo, os pastorinhos passaram o dia da aparição distantes da Cova da Iria. Na ocasião, Francisco soube exprimir bem a dúvida que brotava no coração dos três pastorinhos: "Nossa Senhora é capaz de ter ficado triste, por a gente não ir à Cova da Iria, e não volte mais a aparecer-nos. E eu gostava de a ver!"
E, com uma inocência de comover qualquer coração, concluía: "Decerto não nos apareceu no dia 13 para não ir à casa do senhor administrador, talvez por ele ser tão mau".
Já na Cova da Iria, uma multidão calculada entre cinco a seis mil pessoas, esperava os pequenos videntes na hora em que Nossa Senhora de Fátima costumava aparecer.
Desde as onze horas o povo rezava e cantava. No entanto, onde estavam as crianças? Por volta do meio-dia, enquanto rezavam o Terço, chegou de Fátima com a notícia do rapto dos pastorinhos, despertando forte indignação entre todos.
Neste momento, repentinamente ouviu-se um leve murmúrio, seguido de um estrondo de trovão e um relâmpago, como das outras vezes. Viram, então, uma nuvenzinha branca, transparente e leve, pousar suavemente sobre a carrasqueira por uns instantes. Pouco depois, elevou-se e se dissipou do azul do céu. Tudo indica que Nossa Senhora de Fátima veio e, não encontrando os pequenos, se retirou, manifestanto-se por meio destes sinais para que a multidão se desse conta de sua presença.
Havendo passado a noite na casa do administrador, na manhã seguinte os guardas levaram os pequenos para exaustivos interrogatórios na sede da administração. Queriam a todo custo descobrir o Segredo, mas as crianças ficaram firmes e tudo foi em vão. Até mesmo ouro lhes ofereceram; todavia eles resistiram e não contaram nada.
Depois, partiram para as ameaças, e ameaças terríveis para pequenas crianças, como a de jogá-las num caldeirão de azeite onde morreriam fritas. Por fim, o administrador terminou por prender os pastorinhos numa cela da cadeia pública, junto com criminosos.
Jacinta chorava com saudade dos pais, que temia nunca mais voltar a ver. Francisco, para encorajar a irmãzinha e a prima falou para oferecer os tormentos como sacrifício pela conversão dos pecadores, conforme o Anjo e a própria Virgem os havia ensinado, disse: "A mãe, se não a tornarmos a ver, paciência! Oferecemos pela conversão dos pecadores. O pior é se Nossa Senhora não voltar mais! Isso é que mais me custa! Mas também o ofereço pelos pecadores".
A isto, Jacinta acrescentou que deviam oferecer também pelo Santo Padre e em reparação às ofensas cometidas contra o Imaculado Coração de Maria.
No convívio com os criminosos, na prisão, resolveram rezar o Terço. Cena inaudita: os detentos que ali se encontravam se ajoelharam também, movidos pelo exemplo irresistível daqueles três confessores da Fé.
Apesar do alívio que sentiram na recitação do Terço, terminada a oração Jacinta voltou-se para a janela e tornou a chorar. Os presos que ali se encontravam queriam consolar aquela heroína de apenas sete anos, tentando convencê-la a revelar o Segredo:
- Mas vocês - diziam eles - digam ao senhor administrador lá esse Segredo. Que lhe importa que essa Senhora não queira?
- Isso não! - respondeu a Jacinta com vivacidade - Antes quero morrer".
Chegou a hora mais crucial da prova: chamaram os pastorinhos para o gabinete do administrador. Em tom intimidativo, este mandou levar Jacinta para, segundo sua ameaça, o caldeirão de azeite fervendo, já que ela não revelava o Segredo. Pensavam que, sendo a mais nova, não resistiria ao medo e o contaria. No entanto, a menina acompanhou aquele que a chamava sem dizer uma palavra.
Em seguida pegaram Francisco pelo braço. Ele, em lágrimas, mas resoluto e firme, tampouco contou o Segredo. Por rim, foi a vez de Lúcia... Ainda que tivesse a ideia de que seus primos estivessem mortos e de que ela seria a próxima, não revelou o Segredo e resistiu àquela cruel, pressão, também com heroísmo notável.
Pouco tempo depois, estavam ela e os dois primos num quarto, abraçando-se com alegria! Sem embargo, o tormento ainda não havia passado. Recordemos que a todo este sofrimento se deve acrescentar o aparente abandono da família e as dúvidas que o pároco levantou...
No dia seguinte, 15 de agosto, festa da Assunção de Maria, o administrador os submeteu a novos inquéritos. Vendo perdido seu intento, temendo o pior, devido a um verdadeiro levante popular em defesa das crianças, e querendo salvar a própria pele, resolveu devolvê-las na residência do pároco de Fátima.
Tendo em vista que não se encontraram com Nossa Senhora no dia 13 de agosto, os pastorinhos ficaram com um misto de esperança e desânimo...
Quatro dias depois do sequestro, em 19 de agosto, Jacinta não fou ao campo, e seu irmão João, de onze anos, a substituiu na guarda do rebanho. Estando próximos de Aljustrel na guarda do rebanho. Estando próximos e Lúcia, por volta das quatro horas da tarde, perceberam algo de sobrenatural prenunciando a chegada da Celeste Mensageira.
Lembraram-se imediatamente de Jacinta e pediram que João fosse chamar sua irmã às pressas, chegando este justo a tempo da aparição.
Assim narra Lúcia o que aconteceu:
"Entretanto, vi, com o Francisco, o reflexo da luz a que chamávamos relâmpagos; e chegada a Jacinta, um instante depois, vimos Nossa Senhora sobre uma carrasqueira.
- Que é que Vossemecê me quer?^
- Quero que continueis a ir à Cova de Iria no dia 13, que continueis a rezar o Terço todos os dias. No último mês, farei o milagre, para que todos acreditem.
- Que é que Vossemecê quer que se faça ao dinheiro que o povo deixa na Cova da Iria?
- Façam dois andores: um, leva-o tu com a Jacinta e mais duas meninas vestidas de branco: o outro, que o leve o Francisco com mais três meninos. O dinheiro dos andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário e que sobrar é para a ajuda duma capela que hão de mandar fazer".
Lúcia pede pela cura de uns doentes e Nossa Senhora de Fátima diz que alguns curaria durante o ano.;
Em seguida, com uma fisionomia entristecida acrescenta:
"Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas".
Como se pode facilmente concluir, a Virgem Maria, em sua indizível bondade materna, quis vir em socorro daqueles filhos prediletos para os confortar depois do terrível sofrimento pela qual haviam passado.
"Bem-aventurados os que choram, porque serão consolado" (Mt 5,4).
Quinta e penúltima Aparição - 13 de setembro de 1917
Na quinta aparição recomendou que continuassem a rezar o terço para o vim da guerra, disse que Deus estava contente com os sacrifícios dos pastorinhos e reafirmou que faria um milagre em outubro.
Ao longo das sucessivas aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria, aumentava número dos que nelas acreditavam. No dia 13 de setembro verificou-se um extraordinário número de peregrinos presentes no local. Muitos já se haviam posto a caminho desde o dia anterior e formavam uma multidão cheia de respeito, calculada entre quinze e vinte mil pessoas, ou talvez mais.
Assim narra a Irmã Lúcia.
"Ao aproximar-se a hora, lá fui, com a Jacinta e o Francisco, entre numerosos pessoas que a custo nos deixavam andar. As estradas estavam apinhadas de gente. Todos nos queriam ver a falar. Ali não havia respeito humano. Numerosas pessoas, e até senhoras e cavalheiros, conseguindo romper por entre a multidão que à nossa volta se apinhava, vinham prostrar-se, de joelhos, diante de nós, pedindo, que apresentássemos a Nossa Senhora as suas necessidades".
Tão logo chegaram à Cova da Iria, junto da carrasqueira começaram a rezar o Terço com o povo.
"Pouco depois, vimos o reflexo da luz a seguir Nossa Senhora sobre a azinheira.
- Continuem a rezar o Terço, para alcançarem o fim da guerra. Em outubro virá também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, São José com o Menino Jesus, para abençoarem o mundo. Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda; trazei-a só durante o dia".
As crianças tinham passado a usar com cilício um pedaço de corda grossa, que não tiravam nem para dormir. Isto lhes impedia muitas vezes o sono e passavam noites inteiras em claro. Daí o elogio e a recomendação de Nossa Senhora.
Irmã Lúcia continua a narrar seu diálogo com a Virgem Santíssima.
- Têm-me pedido para Lhe pedir muitas coisas: a cura de alguns doentes, de um surdo-mudo.
- Sim, alguns curarei; outros não. Em outubro farei o milagre, para que todos acreditem.
"E começando a elevar-se, desapareceu como de costume".
Ainda que breve, a aparição de Nossa Senhora deixou os pequenos videntes felicíssimos, consolados e fortalecidos em sua fé. Francisco, de modo especial, sentia-se transportado de alegria com a pespectiva "de que, no próximo mês, veriam Nosso Senhor", como lhe prometera a Rainha do Céu e da terra.
Sexta e última aparição - 13 de outubro de 1917
"Eu sou a Senhora do Rosário".
Na última aparição, Nossa Senhora revelou-se como sendo a Senhora do Rosário, pediu que fizessem uma capela no local em sua honra, que rezassem o terço todos os dias e profetizou que a Guerra terminaria em breve.
Realizou também diante da multidão o milagre anunciado: o Sol começou a bailar, várias pessoas foram curadas e as roupas ensopadas pela chuva que caíra caudalosamente antes da aparição estavam completamente secas.
Naquela manhã fria de outono, uma chuva persistente e abundante tinha transformado a Cova da Iria num imenso lamaçal, e parecia ensopar até os ossos da multidão de cinquenta a setenta mil peregrinos que ali se apinhava, vinda de todos os cantos de Portugal.
Por volta das onze e meia da manhã, aquele mar de gente abriu passagem aos três videntes que se aproximavam.
É a Irmã Lúcia que nos relata o que se seguiu:
"Saímos de casa bastante cedo, contando com as demoras do caminho. O povo era em massa. A chuva, torrencial. Minha mãe, temendo que fosse aquele o último dia da minha vida, com o coração retalhado pela incerteza do que iria acontecer, quis acompanhar-me. Pelo caminho, as cenas do mês passado, mais numerosas e comovedoras. Nem a lamaceira dos caminhos impedia essa gente de se ajoelhar na atitude mais humilde e suplicante, Chegamos à Cova da Iria, junto da carrasqueira, levada por um movimento interior, pedi ao povo que fechasse os guarda-chuvas para rezarmos o Terço. Pouco depois vimos o reflexo da luz e, em seguida Nossa Senhora sobre a carrasqueira.
- Que é que Vossemecê me quer?
- Quero dizer-te que façam aqui uma capela em minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o Terço todos os dias. A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas casas.
- Eu tinha muitas coisas para lhe pedir: se curava uns doentes e se convertia uns pecadores, etc.
- Uns, sim; outros não. É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados.
" E tomando um aspecto mais triste:
- Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor que já está muito ofendido.
"E, abrindo as mãos, fê-las refletir no sol. E enquanto que se elevava, continuava o reflexo da sua própria luz a projetar-se no sol".
Tendo Nossa Senhora desaparecido nesta luz que Ela mesmo irradiava, no céu sucederam-se três novas visões, "três quadros, simbolizando, um após outro, os Mistérios Gozosos, Dolorosos e Gloriosos do Rosário".
Junto ao sol apareceu a Sagrada Família: São José, com o Menino Jesus nos braços, e Nossa Senhora do Rosário. A Virgem vestia uma túnica branca e um manto azul, São José estava "também de branco, e o menino Jesus de vermelho claro".
Traçando três vezes no ar uma cruz, "São José com o Menino pareciam abençoar o mundo".
As duas cenas seguintes foram vistas apenas por Lúcia.
Primeiramente, Nosso Senhor, transido de sofrimento, como a caminho do Calvário, e Nossa Senhora das Dores, "mas sem a espada no peito". O Divino Redentor abençoou "o mundo da mesma forma que São José".
Logo depois, apareceu gloriosa Nossa Senhora do Carmo, coroada Rainha do universo, com o Menino Jesus ao colo. Enquanto os três pastorinhos contemplavam os celestiais personagens, operou-se ante os olhos da multidão o milagre anunciado...
Chovera durante toda a aparição. Lúcia, ao término de sue colóquio com Nossa senhora, gritara para o povo:
- Olhem para o sol!
Então rasgaram-se as nuvens e o sol apareceu como um imenso disco luminoso. Apesar de seu intenso brilho, podia ser olhado diretamente sem ferir a vista. As pessoas o contemplavam absortas quando, de súbito, o astro se pôs "a dançar, a bailar; parou outra vez e outra vez começou a dançar, até que por fim pareceu que se soltasse do céu e visse para cima da gente", segundo a descrição de um dos presentes.
Os gritos de entusiasmo ecoavam pelas colinas e muitos notavam que sua roupa, encharcada alguns minutos antes, estava completamente seca.
O milagre do sol pôde ser observado a uma distância de muitos quilômetros do local das aparições.
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