Festa litúrgica dia 15 de setembro
• História
Nossa Senhora das Dores ou Mater Dolorosa (Mãe Dolorosa) é um dos títulos que a Virgem Maria recebeu ao longo da história. Este título em particular refere-se às sete dores que Nossa Senhora sofreu ao longo de sua vida terrestre, principalmente nos momentos da Paixão de Cristo.
A devoção a Nossa Senhora das Dores tem raízes profundas na tradição cristã, refletindo a meditação sobre o sofrimento de Maria, mãe de Jesus. A figura de Maria, em suas dores e sofrimentos, tornou-se um foco de devoção desde os primeiros séculos do cristianismo. O foco inicial estava na dor de Maria ao assistir a crucificação e morte de seu filho.
A devoção a Maria como Nossa Senhora das Dores ganhou destaque no século XIII com a fundação da Ordem dos Servitas, um grupo de monges que de dedicava particularmente à meditação sobre os sofrimentos de Maria. Eles estabeleceram um dia específico para a celebração da Virgem das Dores, que se tornou uma festa litúrgica importante. A Ordem foi oficialmente reconhecida pela Igreja em 1255.
No século XV, a devoção a Nossa Senhora das Dores se espalhou pela Europa, especialmente na Itália e na Espanha. As representações de Maria com sete espadas atravessando se coração (as sete dores de Maria) tornaram-se comuns na arte religiosa da época, simbolizando o sofrimento profundo de Maria.
Em 1727, o Papa Bento XIII aprovou a festa de Nossa Senhora das Dores para toda a Igreja. Esta aprovação oficial ajudou a consolidar a devoção e a estabelecer a celebração de sua festa no calendário litúrgico. A festa é celebrada no dia 15 de setembro, logo após a Exaltação da Santa Cruz.
Nossa Senhora das Dores é frequentemente representada com sete espadas atravessando seu coração, simbolizando as Sete Dores de Maria:
1. A profecia de Simeão sobre Jesus (Lc., 2,34-35)
"Simeão abençoou-os e disse a Maria, a mãe: "Eis que este menino foi colocado para a queda e para o soerguimento de muitos em Israel, e como um sinal de contradição - e a ti, uma espada transpassará tua alma! - para que se revelem os pensamentos íntimos de muitos corações".
2. A fuga da Sagrada Família para o Egito
(Mt., 2,13-15a)
"Após sua partida, eis que o Anjo do Senhor manifestou-se em sonho a José e lhe disse: "Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito. Fica lá até que eu te avise porque Herodes vai procurar o menino para o matar". Ele se levantou, tomou o menino e sua mãe, durante a noite, e partiu para o Egito. Ali ficou até a morte de Herodes.
3. O desaparecimento do Menino Jesus durante três dias
(Lc 2,41-51)
"Seus pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando o menino completou doze anos, segundo o costume, subiram para a festa. Terminados os dias, eles voltaram, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. Pensando que ele estivesse na caravana, andaram o caminho de um dia, e puseram-se a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. E não o encontrando, voltaram a Jerusalém à sua procura. Três dias depois, eles o encontraram no Templo, sentado em meio aos doutores, ouvindo-os e interrogando-os; e todos os que o ouviam ficavam extasiados com sua inteligência e com suas respostas. Ao vê-lo, ficaram surpresos, e sua mãe lhe disse: "Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu, aflitos, ter procurávamos". Ele respondeu: "Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?" Eles, porém, não compreenderam a palavra que ele lhes disseira: Desceu então com eles para Nazaré e era-lhes submissão. Sua mãe, porém, conservava a lembrança de todos esses fatos em seu coração.
4. O encontro de Maria e Jesus a caminho do Calvário
(Lc 23, 27-31)
Grande multidão do povo o seguia, como também mulheres que batiam no peito e se lamentavam por causa dele. Jesus, porém, voltou-se para elas e disse: "Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai, antes, por vós mesmas e por vossos filhos! Pois, eis que viram dias em que se dirá. Felizes as estéreis, as entranhas que não conceberam e os selos que não amamentaram! Então começarão a dizer às montanhas: cai sobre nós! e as colinas: Cobri-nos! Porque se fazem assim com o lenho verde, o que acontecerá com o seco?
5. O sofrimento e morte de Jesus na Cruz
(Jo. 19, 25-27)
Perto da cruz de Jesus, permaneciam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cleofas, e Maria Madalena. Jesus, então, vendo sua mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse à sua mãe: "Mulher, eis o teu filho!" Depois disse ao discípulo: "Eis a tua mãe!" E a partir dessa hora, o discípulo a recebeu em sua casa.
6. Maria recebe o corpo do filho tirado da Cruz
(Mt. 27, 55-61).
Estavam ali muitas mulheres, olhando de longe. Haviam acompanhado Jesus desde a Galiléia, a servi-lo. Entre elas, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos Zebedeu. Chegada a tarde, veio um homem rico de Arimatéia, chamado José, o qual também se tornara discípulo de Jesus. E dirigindo-se a Pilatos, pediu-lhe o corpo, envolveu-o no lençol limpo e o pôs em seu túmulo novo, que talhara na rocha. Em seguida rolando uma grande pedra para a entrada do túmulo, retirou-se. Ora, Maria Madalena e a outra Maria estavam ali sentadas em frente ao sepulcro.
7. O sepultamento do corpo do filho no Santo Sepulcro
(Lc 23,55-56).
As mulheres, porém, que tinham vindo da Galiléia com Jesus, haviam seguido a José; observância o túmulo e como o corpo de Jesus fora ali depositado. Em seguida, voltaram e prepararam aromas e perfumes. E, no sábado, observaram o repouso prescrito.
Esta iconografia enfatiza o papel de Maria como co-redentora e a sua profunda participação no sofrimento de Cristo.
Hoje, a devoção a Nossa Senhora das Dores continua a ser uma parte importante da prática católica, com muitos fiéis buscando consolo e intercessão através da meditação sobre o sofrimento de Maria. A figura de Nossa Senhora das Dores é frequentemente associada a temas de compaixão, empatia e apoio em momentos de sofrimento e provações.
A devoção de Nossa Senhora das Dores representa a capacidade de encontrar esperança e força em meio ao sofrimento, refletindo a profunda relação de amor e sofrimento entre Maria e seu filho, Jesus.
Devoção a Nossa Senhora das Dores no Brasil
No Brasil, a devoção a Nossa Senhora das Dores é forte em várias regiões, especialmente no Nordeste. Igrejas e santuários dedicados a ela estão espalhados pelo país, com festas e procissões que celebram sua intercessão e misericórdia. A festa principal ocorre em 15 de setembro, atraindo muitos devotos para celebrações e rituais que refletem a profunda ligação entre Maria e o sofrimento de Cristo. As representações de Maria com os Sete Dores são comuns em igrejas e nas tradições locais, com destaque em cidade como Recife e Olinda, onde festas e procissões são comuns. A imagem de Nossa Senhora das Dores é venerada em vários igrejas e santuários, especialmente durante a festa litúrgica em 15 de setembro. A devoção reflete um profundo sentimento de empatia e consolação entre os fiéis, que frequentemente buscam sua intercessão em momentos de sofrimento e dificuldades.
SIGNIFICADO E SIMBOLISMO DE NOSSA SENHORA DAS DORES
A Imagem de Nossa Senhora das Dores apresenta-nos uma simbologia clara e bela sobre os sofrimentos pelos quais a Virgem Maria passou. Os sofrimentos da Mãe de Jesus a tornam uma grande intercessora diante de Deus em nosso favor. Foi num momento de sofrimento, durante a crucificação de Jesus, que o Mestre nos entregou sua mãe como 'Nossa Mãe'. Portanto, as Dores de Nossa Senhora são importantes e a tornam também 'Co-redentora' da humanidade. Vamos conhecer a simbologia.
O manto azul: simboliza o céu. Este manto nos fala que esta Senhora está no céu, diante de Deus e que, de lá, ela pede ao Pai em nosso favor.
A Túnica avermelhada: simboliza sua maternidade. As mulheres judias usavam uma túnica com esta cor para simbolizar que eram mães. Como vimos, Maria nos foi dada por Mãe pelo próprio Jesus, conforme lemos no Evangelho de São João 19,26-27: 'Mãe, eis aí o teu filho. Filho, eis aí a tua mãe'.
A dourado e o branco: Algumas representações de Nossa Senhora das Dores a apresentam com um véu branco sob o véu azul. Este branco simboliza sua virgindade e pureza. Em outras representações, a Virgem Maria tem dourado sob o véu, que simboliza sua realeza. Portanto, ela é Rainha, Mãe e Virgem.
A coroa e os cravos nas mãos: simbolizam a paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, o sofrimento máximo que Maria acompanhou, viveu e sofreu. São João nos relata que Maria 'estava de pé junto à cruz.' (Jo 19,25)
As sete espadas: As sete espadas no coração simbolizam as sete dores pelas quais a Virgem Maria passou em sua vida: (Já descriminada anteriormente).
ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DAS DORES.
Ó Mãe de Jesus e nossa mãe, Senhora das Dores, nós vos contemplamos pela fé, aos pés da cruz, tendo nos braços o corpo sem vida do Vosso Filho. Uma espada de dor transpassou vossa alma como predissera o velho Simeão. Vós sois a Mãe das dores. E continuais a sofrer as dores do nosso povo, porque sois Mãe companheira, peregrina e solidária. Recolhei em vossas mãos os anseios e as angústias do povo sofrido, sem paz, sem pão, sem teto, sem direito a viver dignamente. E com vossas graças fortalecei aqueles que lutam por transformações em nossa sociedade. Permanecei conosco e dai-nos o vosso auxílio, para que possamos converter as lutas em vitórias e as dores em alegrias. Rogai por nós, ó Mãe, porque não sois apenas a Mãe das dores, mas também a Senhora de todas as graças. Amém
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