O cardeal Víctor Fernández, prefeito do dicastério para a Doutrina da Fé da Santa Sé (DDF), disse que o diaconato feminino será objeto de estudo mais aprofundado, impulsionado pelas propostas enviadas à comissão designada para esse trabalho. O cardeal disse também que essa questão, embora o papa Francisco a considera não "madura", não é uma "questão encerrada".
Aprofundar as diferenças entre ordem sagrada e poder, pra confiar aos leigos funções de liderança na Igreja, é, para o cardeal o objetivo do trabalho do grupo que lidera no Sínodo da Sinodalidade para refletir sobre o papel da mulher na Igreja, a pedido do papa Francisco.
O prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé disse isso em um encontro no dia 24/10 à tarde com quase cem membros, convidados e especialistas participantes do sínodo para ouvir suas perguntas e propostas relacionadas ao trabalho do grupo cinco.
A reunião foi convocada por iniciativa do cardeal Fernández depois da indignação de alguns membros devido à sua ausência numa reunião marcada para a semana passada.
Segundo os relatos e o áudio divulgado depois do encontro , o cardeal disse que a maioria das mulheres quer “ser ouvida e valorizada”, pede para “ter autoridade” e poder desenvolver os seus carismas sem pedir especificamente o diaconato feminino, já que não querem ser “clericalizadas”.
“Penso nas teólogas que em alguns lugares do mundo não têm possibilidade de desenvolvimento ou liberdade real para o trabalho teológico (...) nas mulheres que têm dons para liderar comunidades (...) ou nas mulheres que têm grande capacidade de aconselhar como os melhores consultores ou diretores espirituais, mas não são aceitas porque não têm ordem sagrada”, disse Fernández.
O cardeal também falou sobre a possibilidade desse tema ser o tema principal do próximo sínodo.
“Não sei quais são os procedimentos para propor os próximos temas, não é minha função, mas talvez esse seja um dos temas propostos” no final deste sínodo, disse o prefeito do DDF.
O cardeal disse também que “a experiência da Amazônia” é “muito importante” para esse estudo pela existência, “de uma experiência de comunidades lideradas por mulheres sem sacerdote”.
“Essa experiência é muito importante para nós e já consultamos algumas mulheres” que pertencem “a grupos leigos que visitam constantemente as comunidades”, disse dom Fernández.
A ideia dos ministérios, disse o cardeal, “não é uma decisão do bispo que escolhe um amigo para um cargo importante, mas sim uma necessidade na comunidade e há em algumas pessoas um dom que responde a essa necessidade”.
“Devemos ter cuidado com isso para não criar uma estrutura que, em última análise, permaneça dependente da autoridade”, disse dom Fernández.
Reportagem: Almudena Martínez-Bordiú
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