sexta-feira, outubro 25, 2024

AINDA HÁ MIL PROPOSTAS DE MUDANÇA NO DOCUMENTO FINAL DO SÍNODO DA SINODALIDADE.

Para quem está preocupado em garantir que o Sínodo na Sinodalidade não abra caminho para mudanças na doutrina da Igreja,  a versão preliminar do documento final parece boa. Mas isso pode mudar.

Mil emendas ao texto que foi entregue amanhã (sábado 26/10) de manhã, e votado à noite, parágrafo por parágrafo, para aprovação final.

"Ainda não viramos a esquina", disse um membro do sínodo. Os rascunhos estão distribuídos somente em papel aos participantes do sínodo para dificultar vazamentos para a imprensa que ocorreram na sessão do ano passado do sínodo. As opiniões variam. Um delegado disse que o documento é solidamente "católico", mas outro sugere que ainda falta um nível ideal de precisão teológica. O consenso, porém, é que o rascunho não é nada ruim" e não inclui nenhuma abertura clara para grandes mudanças como a descentralização da autoridade sobre doutrina nem supervisão de leitos sobre as decisões de governança dos bispos.

"Não vejo nenhum problema maior nele", disse um dos membros do sínodo. Pelo menos por enquanto.

Os delegados estão atentos a mudanças na versão final sobre a autoridade das conferências episcopais nacionais sobre a doutrina.

No decorrer do sínodo, uma proposta de "reconhecer conferências episcopais como sujeitos eclesiais com autoridade doutrinária" foi recebida com grande oposição dentro da sala Paulo VI na qual ocorrem os debates. Para vários delegados, a proposta ameaça a unidade da Igreja ao potencialmente permitir que diferentes conferências episcopais nacionais divulguem doutrinas contraditórias sobre fé e moral.

Os organizadores do sínodo chamaram um especialista em teologia do sínodo, o padre canadense Gilles Routhier, para falar sobre o conceito de descentralização da autoridade doutrinária. Mas parece que a resistência dos delegados foi levada em consideração.

Segundo um delegado e confirmado por outro, a versão do rascunho apenas pede maior precisão sobre que autoridade doutrinária e disciplinar as conferências episcopais já têm segundo o direito canônico atual. No mesmo contexto, o documento também fala em não colocar em risco a unidade e a catolicidade da Igreja.

PRIORIDADE ALEMÃ
Acredita-se que o impulso para a descentralização doutrinária seja a maior prioridade dos delegados que apoiam o Caminho Sinodal Alemão, processo liderado pela Conferência Episcopal Alemã e o Comitê Central dos Católicos Alemães (ZdK, na sigla alemão) que pressiona pela aceitação de relações homossexuais, ideologia de gênero e ordenação de mulheres.

Um delegado disse que, se os delegados pró-caminho sinodal ficarem decepcionados com o resultado amanhã (26), seria um sinal de que o documento final evitou desvios perigosos de autoridade doutrinária.

Mas, pelo menos por enquanto, os alemães que buscam mudanças significativas não estão sem esperanças.

O bispo de Limburg, Alemanha, dom Georg Bätzing, presidente da Conferência Episcopal Alemã, disse que apresentou 26 emendas inspiradas no caminho sinodal ao seu pequeno grupo de discussão no sínodo na quarta-feira (23/10), e teve que tentar convencê-los a aceitá-las. Os delegados do sínodo discutiram em pequenos grupos reunidos por língua ou por tema, antes que as propostas chegassem à assembleia geral. Para a surpresa do bispo de Limburg, ele disse que todas as suas sugestões fossem “adotadas por unanimidade na mesa. Eu não esperava isso”.

Das mil emendas ao rascunho que foram apresentadas, o chefe de comunicações do sínodo, Paolo Ruffini, disse na quarta-feira (23) que 900 foram aprovadas nos pequenos grupos, e 100 foram apresentadas por delegados individuais.

Thomas Söding, vice-presidente do ZdK e especialista em teologia no sínodo, disse na terça-feira (22/10) em seu blog pessoal sobre o sínodo que ele e outros especialistas no sínodo “foram requisitados” para aconselhar pequenos grupos sobre suas emendas ao texto final.

Myriam Wiljens, canonista holandesa que viveu e trabalhou na Alemanha por mais de 30 anos, disse ao Register depois de entrevista coletiva na quarta-feira (23), a última do sínodo, que o resultado final ainda não está decidido.

“Ainda estamos no processo de todas essas [emendas]”, disse Wiljens, para quem a ênfase do papa Francisco na sinodalidade aperta um “botão de reinicialização” sobre como a Igreja pratica a governança. “Agora temos que ver o que sairá disso”.

Assim, o atual período do Sínodo da Sinodalidade é uma das poucas vezes em que a maioria dos 368 delegados sinodais e especialistas associados estão do lado de fora da discussão, olhando para dentro, esperando para ver como o documento final ficará amanhã (26/10). Assim como o resto da Igreja.

Reportagem: Jonathan Liedl

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