SETEMBRO MÊS DA BÍBLIA

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sexta-feira, junho 28, 2024

HISTÓRIA DOS PAPAS

 265° PAPA DA IGREJA.
O papa que uniu fé e razão, esperança e caridade.

Joseph Aloisius Ratzinger nasceu no dia 16 de abril de 1927, em Marktl am Inn, uma pequena vila da Baviera, as margens do rio Inn na Alemanha. É o caçula, tendo dois irmãos: um rapaz, Goerg. e uma moça, Maria. Nasceu numa família modesta, descendente de pequenos agricultores e artesões. Seu pai, Joseph, foi comissário de polícia, e sua mãe Maria, antes de dedicar-se integralmente às tarefas do lar, trabalhou como cozinheiro em hotéis. 

Seus piedosos pais o batizaram no mesmo dia de seu nascimento. Desde o início de sua vida eles o instruíram na fé católica e lhe ensinaram o valor infinito do sacrifício de Cristo. Eram tempos difíceis, em que atmosfera política cinzenta e cruel prenunciava um novo tempo de perseguições - Hitler havia sido nomeado Chanceler em janeiro de 1933, dando início ao terror nazista.

Em 1937, a família mudou-se para a pequena cidade de Traunstein, na fronteira com a Áustria.

Essa vila testemunhou os primeiros anos de juventude de um futuro Papa. Foi naquele local, com cerca de onze mil habitantes, que o pequeno Joseph Ratzinger, aos dez anos, recebeu os rudimentos de uma educação humanística e cristã. No ginásio aprendeu o latim, língua universal da Igreja, base importantíssima para cumprir a futura vocação sacerdotal.

Já movido pelo amor a Cristo, em 1939 ingressou no seminário menor de Traunstein. Porém uma nação envenenada pela megalomania  nazista não mais enxergava a necessidade dos sacerdotes. À moda do tiranos, Hitler pretendia transformar cada jovem num soldado, fosse pelo convencimento ou pela força. Foi esse o primeiro teste de fé do jovem Joseph. Certamente lembrou-se do Evangelho, quando a Sagrada Família havia sofrido as perseguições de Herodes. Sem dúvida pensou também na flagelação de Cristo ao ver seu pároco se açoitado pelos nazistas minutos antes da celebração da Santa Missa. Com o início da Segunda Guerra Mundial, o seminário foi fechado. Restou ao jovem Joseph a coerção do alistamento à juventude hitlerista.

Não é preciso dizer que essa adesão forçada foi feita a contragosto do jovem. Empenhado em mobilizar as energias da juventude em prol do seu projeto de guerra, o partido nazista promovia encontros frequentes no intuito de estimular o culto idolátrico à figura do Führer, introjetando nas mentes ainda imaturas o delírio nazista. Joseph Ratzinger, então com quatorze anos, faltava a todas as reuniões desta danosa seita. Que dias tenebrosos para um rapaz que só queria Jesus! Ser obrigado a exteriormente ter parte numa guerra e num projeto de mundo anticristão, mas interiormente opor-se a ele com todas as fibras do seu ser.

Grande era a maturidade e vida interior desse adolescente. Em 1943, aos 16 anos, foi alistado à força numa divisão da Wehrmacht, responsável pela defesa aérea da Alemanha; e por três anos viveu em oposição espiritual e interior à força acachapante de um Estado que se impunha sobre todas as vontades individuais. Sua resistência não passou despercebida aos seus perversos inspetores. 

Em 1944, já dispensado do serviço militar, foi enviado a um campo de trabalhos forçados em Burgenland. Aquele jovem, que só queria se obediente à Igreja Católica, foi forjado desde cedo na objeção interior aos caprichos de um Estado assassino. 

Levado em seguida para o quartel de infantaria em Traunstein, finalmente desertou. Em 8 de maio de 1945, em plena rendição alemã Joseph foi levado preso a um campo de prisioneiro em Bad Aibling, mas foi logo libertado, retornando então à casa paterna em Traunstein.

Os tempos de terror haviam terminado. Joseph, desta vez junto do seu irmão Georg, decidiu retornar ao seminário. De 1946 a 1951 estudou filosofia e teologia na Escola Superior de Frisinga e na Universidade de Munique. 

Foi ordenado em 29 de junho de 1951. Agora, elevado à dignidade sacerdotal, demonstrava ter não apenas uma fé exemplar, mas também uma inteligência brilhante. Esse maravilhoso dote cultivado levou-o a ser designado professor na mesma Escola de Frisinga, apenas um ano após a ordenação.

Realizou estudos de mestrado sobre Santo Agostinho, em 1953, e de doutorado sobre a teologia da história de São Boaventura em 1957. Trilhou, ao lado da missão sacerdotal, uma importante carreira intelectual nas principais universidades alemãs.

No período de 1957 a 1968, Joseph Ratzinger ganhou posição de relevo entre os maiores teólogos do seu tempo, um verdadeiro guardião da doutrina católica. Seus méritos intelectuais lhe garantiram a participação como "perito" no Concílio Vaticano II.

Em 25 de março de 1977, o Papa Paulo VI nomeou-o Arcebispo de Monastério em Frisinga. No Consitório de 27 de junho do mesmo ano, foi elevado ao cardinalato. Nesse período, sua atuação na Sé Apostólica ganhou força. Durante o pontificado de seu amigo, o Papa João Paulo II, foi relator de um importante sínodo dos Bispos (1980) sobre o estado da família cristã no mundo contemporâneo.

No anos seguinte o Papa nomeou-o Prefeito da Congregação para Doutrina da Fé, órgão responsável por analisar a integridade da fé e da doutrina na Igreja, sobretudo no próprio clero. Nessa época, foi presidente da comissão que preparou o atual Catecismo da Igreja Católica. Junto de João Paulo II, foi um ferrenho opositor da corrente herética que se denominou Teologia da Libertação, muito forte no Brasil e na América Latina.

Essa longa e frutuosa amizade entre o Papa e o Cardeal alcançou o ponto máximo na Via Sacra celebrada na Sexta-Feira Santa do ano de 2005. O Papa João Paulo II encontrava-se bastante abatido por sua enfermidade. Sobre o solo sagrado do Coliseu, outrora regado com seu sangue dos mártires, ouviu seu amigo recitar as meditações durante a Via Crucis. Sem saber, aquele que proferia os mistérios de cada passo do sacrifício de Cristo se tornaria o seu sucessor na Cátedra de Pedro. Em uma de suas reflexões, o cardeal Ratzinger disse palavras proféticas: "Quantas vezes se abusa do Santíssimo Sacramento, da sua presença, frequentemente como está vazio e ruim o coração onde Ele entra! Tantas vezes celebramos apenas a nós próprios, sem nos darmos conta sequer d'Ele! Quantas vezes se contorce e abusa da sua Palavra! Quão pouca fé existe em tantas teorias, quantas palavras vazias! Quanta sujeira há na Igreja, e precisamente entre aquele que, no sacerdócio, deveriam pertencer completamente a Ele. Quanta soberba, quanta autossuficiência!

Em 2 de abril de 2005 morre o Papa polonês. No dia seguinte, ainda sob o impacto daquela perda inestimável, Ratzinger profere as seguintes palavras, em Subiaco, na Itália: "Precisamos de homens como Bento de Núrsia, que, num tempo de dissipação e decadência, mergulhou na solidão mais extrema, conseguindo, depois de todas as purificações que teve que sofrer, alcançar a luz. Voltou e fundou Montecassino, a cidade sobre o monte que, com tantas ruíndas, reuniu as forças com as quais se formou um mundo novo. Assim Bento, como Abraão, tornou-se pai de muitos povos". Está aqui, providencialmente, um sinal do nome de um novo Papa.

No dia 19 de abril, a fumaça branca surge na chaminé da Capela Sistina, indicando que o Consistório havia decidido, inspirado pelo Espírito Santo, Sangrar um novo Papa, Joseph Aloisius Ratzinger, o jovem filho de Maria e José, que enfrentou uma guerra, notável intelectual da Igreja, tornou-se sucessor de Pedro.

O nome
Joseph Ratzinger escolheu  o nome de Bento XVI em honra a São Bento, o grande santo da Igreja, patrono da Europa e pai de inúmeros mosteiros (beneditinos). O nome Bento deu mote ao seu pontificado, voltado à luta contra o neopaganismo e restauração da cultura ocidental.

Seu pontificado durou oito anos. Nesse período, enfrentou diversas tempestades e desafios. Realizou importantes viagens apostólicas, escreveu documentos luminares e aprovou diversas canonizações. Procurou reafirmar a centralidade da Eucaristia na vida da Igreja, e emitiu a exortação apostólica Sacrametum Caritatis. 

Defendeu também a importância da família, e, sobretudo, buscou fortalecer a ligação com a tradição atemporal da Igreja. Esforçou-se por estabelecer uma conciliação teológica pacífica entre o passado e o presente que ficou conhecida como "hermenêutica da continuidade".

Para melhor conduzir o seu rebanho, o Papa Bento XVI escreveu três encíclicas: Deus Caritas Est (2006), Spe Salvi (2007) e Caritas in Veritate (2009). Por meio desses escritos enfatizou o amor de Deus como virtude central e fonte da caridade cristã. Ensinou que a redenção está unida à esperança na vida eterna, a qual supera infinitamente os anseios de uma felicidade terrena. Instrui sobre o verdadeiro desenvolvimento humano e social, que se realiza no reconhecimento de que somente Deus revela ao homem o que ele é.

Enquanto reinava, o Papa alemão promulgou 28 canonizações. A mais notável para nós, brasileiros, foi a de São Frei Galvão, o primeiro santo canonizado nascido no Brasil. Bento XVI também elevou aos altares a mística alemã Anna Schäffer, o monge trapista espanhol Rafael Arnáiz Barón e beatificou o seu amigo e antecessor, o Papa João Paulo II, passo importante para a sua posterior canonização sob o pontificado do papa Francisco.

O nome "BENTO"
Bento XVI escolheu seu nome papal, que vem da palavra latina que significa "o bem-aventurado", em homenagem tanto a Bento XV quanto a Bento de Núrsia. Bento XV foi papa durante a Primeira Guerra Mundial, período durante o qual buscou apaixonadamente a paz entre as nações em guerra. São Bento de Núrsia foi o fundador dos mosteiros beneditinos (a maioria dos mosteiros da Idade Média eram da ordem beneditina) e o autor da Regra de São Bento, que ainda é o escrito mais influente sobre a vida monástica do cristianismo ocidental. O Papa explicou sua escolha de nome durante sua primeira audiência geral na Praça de São Pedro, em 27 de abril de 2005. 

Cheio de sentimentos de reverência e ação de graças, desejo falar do motivo pelo qual escolhi o nome Benedict. Em primeiro lugar, recordo o Papa Bento XV, aquele corajoso profeta da paz, que guiou a Igreja em tempos turbulentos de guerra. Nas suas pegadas, coloco o meu ministério ao serviço da reconciliação e da concórdia entre os povos. Além disso, recordo São Bento de Núrsia, compadroeiro da Europa, cuja vida evoca as raízes cristãs da Europa. Peço-lhe que nos ajuda a todos a manter firme a centralidade de Cristo na nossa vida cristã: que Cristo esteja sempre em primeiro lugar nos nossos pensamentos e nas nossas ações.

Brasão e lema
"O escudo adotado pelo Papa Bento XVI tem uma composição muito simples: tem a forma de cálice, que é a mais usada na heráldica eclesiástica (outra forma é a cabeça de cavalo, que foi adotada por Paulo VI). No seu interior, variando a composição em relação ao escudo cardinalício, o escudo do Papa Bento XVI tornou-se: vermelho, com ornamentos dourados. De fato, o campo principal, que é vermelho, tem dois relevos laterais nos ângulos superiores em forma de "capa", que são de ouro, A "capa" é um símbolo de religião. Ela indica um ideal inspirado na espiritualidade monástica, e mais tipicamente na beneditina. 

Escolheu como lema episcopal: (Colaborador da verdade); assim o explicou ele mesmo: (Parecia-me, por um lado, encontrar nele a ligação entre a tarefa anterior de professor e a minha nova missão; o que estava em jogo, e continua a estar - embora com modalidade diferentes -, é seguir a verdade, estar ao seu serviço. E, por outro, escolhi este lema porque, no mundo atual, omite-se quase totalmente o tema da verdade, parecendo algo demasiado grande para o homem; e, todavia, tudo se desmorona se falta a verdade.

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