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domingo, 19 de maio de 2024

SOLENIDADE DE PENTECOSTES

Hoje a Igreja celebra a solenidade de Pentecostes, que comemora a vinda do Espírito Santo sobre Maria e os apóstolos, e toda a Igreja.

 A solenidade de Pentecostes é celebrada após 50 dias da Páscoa. Nesta festa, recorda-se o dom do Espírito Santo, que dissipa a confusão de Babel, (Gn 11,9): com a morte, ressurreição e ascensão ao Céu de Jesus, os povos voltam a se entender com a mesma língua: a dor amor. Em meados do século III, Tertuliano e Orígenes já falavam de Pentecostes como uma festa celebrada após a Ascensão. No século IV, a festa de Pentecostes era celebrada, normalmente, em Jerusalém, como recorda a nobre peregrina Egéria, repropondo o tema da renovação, atuada nos corações dos homens com a vinda do Espírito.
Pentecostes teve início com o povo judeu, que celebra a Festa das Semanas: um acontecimento de origens agrícolas, para comemorar as primícias da colheita e a colheita anual.
Com o passar do tempo, os Judeus começaram a recordar a revelação de Deus a Moisés, no Monte Sinai, e o dom das Tábuas da Lei, os Dez Mandamentos. Para os cristãos, este evento tornou-se memorial de Cristo, que, ao voltar para a glória do Pai, se fez presentes no coração do homem, por meio do Espírito, mediante a lei doada por Deus, escrita nos corações: "A Aliança, nova e definitiva, não é mais fundada em uma lei, escrita em tábuas de pedra, mas na ação do Espírito de Deus, que renova todas as coisas, gravada nos corações de carne" (Papa Francisco, Audiência Geral de 19 de junho de 2019). Com Pentecostes, tem início a Igreja e a sua missão evangelizadora.

"Ao chegar o dia de Pentecostes, todos estavam reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu com ruído, como um vento impetuoso, e encheu toda a sala onde se encontravam. Então, apareceu uma espécie de línguas de fogo, que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Eles ficaram cheios do espírito Santo e começaram a falar outras línguas, conforme o Espírito lhes dava o poder de se expressar" (Atos, 2,1-4);

O tempo da Igreja
O tempo pascal não termina com a solenidade da Ascensão, mas, hoje, termina com a solenidade de Pentecostes, dia em que o Senhor envia o Espírito Santo sobre os discípulos. Este dom os torna capaz de ir "até aos confins da terra", para dar testemunho de Jesus (Cf. Domingo passado). Poderíamos dizer que é, precisamente, com Pentecostes que tem início a nossa ascensão para o Pai.

Todo o texto sugere algo sobre a obra do Espírito em nós. Jesus teve uma longa conversa com seus discípulos, antes da sua Paixão. Em certo momento, afirmou que ainda tinha muitas outras coisas para lhe dizer; mas, acrescenta, apenas, que, por enquanto, os discípulos "não as podiam suportar" (Jo 16,12, ano B). Ele tinha ainda "muitas coisas pra dizer", que não conseguiríamos suportar: algo que não poderíamos entender apenas com a nossa inteligência e as nossas riquezas, muito menos com o poder, com o uso da força. Somente o Espírito pode tornar-se capazes de viver uma vida digna do dom de Deus, deste "algo mais". Ele chega lá aonde nós sozinhos, não podemos chegar; Ele o faz a partir de dentro, sem nos impor um peso adicional e sem pedir um esforço a mais: conduz-nos à Verdade, que não é uma ideologia, mas é o próprio Jesus que convida a nos tornarmos pequenos e pobres, para abrir alas a Deus e aos outros.

Pentecostes é, no fim, a festa da fraternidade, da compreensão e da comunhão. Com a torre de Babel (Gn 11,9), os homens tentaram construir sua autonomia, mas, no final, perceberam que estavam indo uns contra os outros, pois não tinham mais a capacidade de se entender. Queriam demonstrar que o progresso ou a multiplicação dos meios de comunicação poderiam, de um lado, tornar mais independentes, e de outro, revelava quanto custava compreender-se, por causa da desconfiança, que isso inculca nos corações e mentes. O Espírito Santo é o único capaz de fazer-nos falar novas línguas, porque tem o dom de renovar os corações.

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